"O indonésio Martenus Bere, recentemente detido em Timor-Leste e acusado de envolvimento de crimes contra a humanidade, aquando do referendo de há dez anos, foi já libertado de uma cadeia de Díli, anunciou o representante local do Alto Comissariado das Nações Unidas para os Direitos Humanos, Louis Gentile.
Autoridades regionais indonésias tinham ameaçado não receber a visita de ministros timorenses enquanto não se verificasse a libertação daquele indivíduo. Mas Gentile disse à Reuters que a sua libertação "é contrária às resoluções do Conselho de Segurança que estabeleceram a missão da ONU em Timor-Leste e subverte por completo o princípio da prestação de contas pelos crimes contra a humanidade".
"Isto tem um significado global", insistiu aquele alto funcionário, enquanto a Missão das Nações Unidas em Timor-Leste (Unmit) destacava que "não deve haver impunidade por crimes graves, como os crimes contra a humanidade".
O Presidente José Ramos-Horta e o primeiro-ministro Xanana Gusmão têm sido muito criticados por grupos de defensores dos direitos humanos quanto à política de perdão a antigos elementos das milícias pró-indonésias que cometeram atrocidades na altura em que a maioria da população do território optou pela independência. E dia 30 de Agosto foram detidos três estudantes universitários que se manifestavam em Díli contra a prática da impunidade." (
Público.pt)
6 comentários:
Os crimes contra a humanidade nao devem ser amnestiados.
No entanto nao e' justo que a responsabilidade de julgar esses crimes recaia unicamente sobre o estado Timorense, especialmente quando as medidas a serem tomadas para que tal aconteca podem e mais certo que iriam desestabilizar as relacoes entre Timor e a Indonesia e por em causa a estabilidade nacional timorense.
Os timorenses ja pagaram um enorme preco pela sua independencia lutando quase sozinhos (com a exepcao da ajuda portuguesa) durante 24 anos perante a apatia da comunidade internacional.
E' altura da comunidade internacional assumir as suas responsabilidades nesta materia e deixar Timor livre para perseguir outras questoes da mais alta importancia para um futuro estavel e prospero da nacao timorense.
Se os crimes sao contra a humanidade, a ONU deve assumir o papel principal em estabelecer um tribunal internacional e julgar os culpados dos crimes contra a humanidade cometidos em Timor durante a ocupacao indonesia.
Nesse contexto, as autoridades timorenses podem e devem concentrar no fortalecimento das relacoes bilaterais Timor-Indonesia e ao mesmo tempo a ONU deve adoptar medidas proactivas para a criacao de um tribunal internacional.
Completamente de acordo com anónimo anterior!
Idem :)
Onde já se viu um Primeiro Ministro passar por cima dos tribunais num estado de direito e dar directamente ordens ao director da prisão para soltar um assassino? uma vergonha...
Onde já se viu um Primeiro Ministro passar por cima dos tribunais num estado de direito e dar directamente ordens ao director da prisão para soltar um assassino? uma vergonha...
Anonimo anterior, pior que isso viu-se, durante os longos 24 anos de resistencia timorense, a UN, dita defensora dos direitos humanos a ignorar o genocidio do povo timorense e nalguns casos os seus membros colaborarem activamente com o barbaro invasor diplomatica e militarmente fornecendo-lhe o apoio e armamento necessario para abafar o grito de um povo massacrado.
Nao querendo desculpar ao estado timorense as suas responsabilidades internacionais, o facto e' que Timor deve, acima de tudo, fazer tudo por tudo para garantir a sua seguranca e estabilidade nacional no meio de dois vizinhos gigantes que muito podem fazer para dificultar o projecto nacional timorense.
Se a ONU fosse seria e tivesse montado um tribunal internacional, como devia, logo na altura em que era a administracao transitoria em Timor sendo simultaneamente a organizacao da comunidade internacional de maior responsabilidade e legitimidade de actuacao nestas questoes, hoje nao haveria a necessidade de o governo timorense ter que adoptar estas medidas, e nao havia a necessidade de a ONU mostrar agora a sua politica de dois pesos e duas medidas.
Dois pesos e duas medidas tanto em relacao a ter estabelecido tribunais internacionais em outros paises quando a situacao o exigia para julgar os criminosos que atentaram contra a humanidade mas nao para os mesmos crimes cometidos em Timor e contra o timorenses.
Sera que para a ONU a vida de um timorense vale menos que a de um outro pais onde estabeleceram um tribunal internacional?
Dois pesos e duas medidas quando fazem lembrar ao estado timorense as suas responsabilidades internacionais e ao mesmissimo tempo lavam as maos das suas proprias responsabilidades em relacao aos crimes contra a humanidade, crimes de guerra e graves.
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