De vez em quando, a 'malta' vai ler os blogues onde se fala sobre Timor-Leste. Assim foi e descobrimos umas afirmações muito interessantes ...
Recuso-me a transcrever os 'ditos' - até porque são extensos - mas ... colocamos imagens, em tamanho pequenino dos comentários dos anónimos Loromatan Leno, 30 de Julho de 2008 22:57 e Loromatan Leno 2, 30 de Julho de 2008 23:15 .
Nota:
Esta informação não foi por nós comprovada, limitamo-nos a informar sobre algo que se diz pela blogosfera lusa.
Se alguém se sentir incomodado com este post, faça o favor de nos contactar. Estamos longe de pretender difamar quem quer que seja.
Nota: Já fomos contactados por pessoas que se mostraram ofendidas ... daí termos retirado os seus nomes deste post. Quanto às imagens e hiperligações, lamento mas ... no blogue TIMOR LOROSAE NAÇÃO e durante meses foi possível lerem-se insultos, acusações etc a Xanana e outras pessoas ... Fomos poucos os que levantaram a voz contra esse tipo de atitude ... Foi chocante ler tanta acusação e nos moldes em que era feita!!! Considero que discordar e discutir é salutar mas denegrir ... Enfim ... Por estas razões, não vejo qualquer problema em preservar, para memória futura, parte do que lá se leu por pior que soe. Se as pessoas se preocuparem em desmentir, estão à vontade para o fazer em comentário publicamente ou onde quiserem. Quanto a factos, nós (eu pelo menos) sabemos lá se é verdade ou não ... Eu preferiria que fosse mentira ...
Nota 1:Tendo sido a primeira vez que a Moriae trabalhou em edição de vídeo, pedimos desculpa por 'qualquer coisa' … enfim, é com muito carinho que procedemos a esta 'mostra' :-)
Nota 2: Para visualizar os vídeos todos, seguidos, clique aqui .
Os Académicos Timorenses de Coimbra tiveram a honra de receber representantes do seu governo, nomeadamente: o Vice-Primeiro-Ministro, José Luís Guterres; a Ministra do Trabalho e da Solidariedade, Maria Domingas Fernandes Alves; Director Nacional da Política Externa, Constâncio Pinto; Conselheiro da Embaixada de Timor-Leste em Lisboa, Antonito de Araújo e; restantes membros da comitiva (de quem necessito confirmar o nome pelo que não descrimino aqui). O evento decorreu na Associação Académica de Coimbra e contou também com a presença dos estudantes timorenses em Coimbra, Aveiro, Covilhã, Porto e Lisboa, dos recém-licenciados e membros da comunidade timorense e ... amigos. Subordinado ao tema “Ser Cidadão Sem Exclusão", este encontro foi extremamente frutífero e sem dúvida alguma reforçou a relação entre estudantes, comunidade timorense em Portugal e o governo de Timor-Leste. Para quem esteve presente, este foi um acontecimento sem par, a não esquecer. Apresentaremos neste blogue algumas fotografias e vídeos (montagens muito simples), que esperamos serem algo representativo para os intervenientes presentes e aqueles que – apesar da distância geográfica – sabemos terem acompanhado em pensamento este dia. Aos ATC e comunidade timorense em Portugal, a maior solidariedade … para Timor-Leste, um enorme abraço e sinceros parabéns pelo seu governo. Ficámos encantados com as pessoas que representam o povo timorense.
Até sempre!
Nota: por razões técnicas de ligação à rede, estamos com dificuldade em alojar o primeiro vídeo na net. Assim … para breve ... :-)
O primeiro-ministro português garantiu ao presidente timorense que os efectivos militares que a GNR mantém em Timor-Leste continuarão no país, mesmo que a ONU decida pôr cobro à UNMIT, em Fevereiro de 2008, assegurou hoje José Ramos-Horta. Clique para ler toda a notícia SOL
No dia 26 de Julho, os ATC receberão a visita de Maria DomingasFernandes Alves e José Luís Guterres, respectivamente, Ministra do Trabalho e da Solidariedade Social e Vice-Primeiro Ministro da RDTL.
Ao clicar na imagem poderá ler o programa da visita.
"This is a 4 minute video of Chris Nobel's trip to the Remexio region of Timor, representing the Kangaroo Valley-Remexio group. Chris met with 3 students who have scholarships to attend teachers college provided by the KV group. She attended a Friendship conference where she presented the Prime Minister of Timor Xanana Gusmao a Dulicimer which he then proceeded to play and sing to." (brianbaileybb)
Dúvidas que surgiram após independência A independência de Timor-Leste abriu caminho a várias dúvidas sobre a nacionalidade dos timorenses. As próprias autoridades portuguesas estudaram a questão e chegaram à conclusão que a maioria dos timorenses pode reclamar a nacionalidade portuguesa. A conclusão dos juristas do Ministério dos Negócios Estrangeiros é clara: não só todos os timorenses nascidos antes de 2002 são portugueses como todos os filhos podem reclamar a dupla nacionalidade.
O documento a que o Diário de Notícias teve acesso contém as conclusões de um grupo de trabalho do MNE criado em 2005 para identificar os problemas de nacionalidade decorrentes da independência de Timor-Leste, em 2002.
“Se Portugal reconhece estas prerrogativas aos timorenses, eu ficaria satisfeito. Porque haveria muitos milhares de timorenses que gostariam de vir a Portugal e usufruir de privilégios e regalias de ser português para poder trabalhar em Portugal ou em outros países do Mundo”, declarou o Presidente timorense, José Ramos-Horta, no final de uma conferência que ontem proferiu na Universidade do Minho, em Braga.
A lei da nacionalidade foi alterada em 2006, mas não faz referência específica ao caso de Timor. Para o Presidente da República Timorense, a questão só pode ser resolvida por Portugal.
Os ministros dos Negócios Estrangeiros dos oito Estados que integram a CPLP reúnem-se hoje em Lisboa para preparar a cimeira de sexta-feira, que tem como tema a afirmação da Língua Portuguesa na cena internacional.
A promoção do português
Em relação à presidência portuguesa, Luís Amado, numa entrevista à Agência Lusa, indicou que vai incidir no objectivo "essencial" da organização, a promoção do Português, algo que, disse, "foi descurado" nos 12 anos de vida da comunidade.
"O que Portugal pretende é dar um novo impulso e uma maior dinâmica para atingir os objectivos importantes que estão traçados para os próximos dois anos", sublinhou Amado, lembrando que, para tal, foi criado um Fundo para a Promoção e Valorização da Língua Portuguesa, com um montante de 30 milhões de euros e aberto a contribuições de outros países.
Na cimeira, estarão presentes seis chefes de Estado - Luiz Inácio Lula da Silva (Brasil), Pedro Pires (Cabo Verde), João Bernardo "Nino" Vieira (Guiné-Bissau), Aníbal Cavaco Silva (Portugal), Fradique de Menezes (São Tomé e Príncipe) e José Ramos-Horta (Timor-Leste) - e os primeiros-ministros de Angola (Fernando Dias dos Santos Piedade "Nandó") e de Moçambique (Luísa Diogo).
Ai os Professores ... impressão minha ou 'BERRAM' em demasia??? Passo a transcrever a apresentação deste utilíssimo blogue que descobri hoje :)
"Professor de Políticas Económicas de Desenvolvimento e de Economia Asiática do ISEG/UTL (Instituto Superior de Economia e Gestão da Universidade Técnica de Lisboa). As considerações a fazer aqui são ESTRITAMENTE INDIVIDUAIS E SÓ A MIM RESPONSABILIZAM. As instituições a que tenho estado ligado profissionalmente, nomeadamente em Timor Leste, NÃO SÃO RESPONSÁVEIS pelo conteúdo deste blog. Este é determinado APENAS E EXCLUSIVAMENTE por aquilo que penso serem sãos princípios de Economia e de Política Económica e não por interesses políticos ou partidários que, naturalmente, não têm aqui cabimento pelos mais variados motivos. O que está em causa é um esforço para, com bases científicas e pedagógias, abordar questões relevantes, ensinando a pescar e não dando um (ou dois...) peixes." (A.M. de Almeida Serra)
"Agradecimentos especiais ao Senhor Professor Doutor A. M. de Almeida Serra :) ... Quando se luta nem sempre se ganha, quando não se luta perde-se sempre!" (Loron Economia, cabeçalho)
"(...) Para além dessa deslocação, o Chefe de Estado e sua Comitiva irão encontrar-se com a comunidade timorense em Lisboa. Por seu lado, o Vice-Primeiro-Ministro do IV Governo Constitucional, LUGU e Micató, seguirão até à cidade do Mondego ao encontro dos Académicos Timoresens de Coimbra (ATC), restante comunidade timorense, convidados e amigos de Timor residentes na região de Coimbra.
Timor Leste - Ser Cidadão Sem Exclusão De acordo com uma fonte da Direcção Geral da ATC, contactada pelo FH, a reunião está marcada para o dia 26 de Julho, das 15h00 às 18h00, no Mini-Auditório da Associação Académica de Coimbra (AAC).(...)" (FORUM HAKSESUK)
"Os cidadãos de Timor-Leste são também portugueses e a maioria pode, se assim o entender, requisitar a dupla nacionalidade. O DN teve acesso a um memorando interno do Governo que concluiu que a independência daquele território em Maio de 2002 coloca problemas de atribuição da nacionalidade."
Atentado de 11 de Fevereiro: nomes «dentro de dias»:
"(...) Questionado sobre o processo judicial acerca da tentativa de assassínio de que foi alvo, e que visava também atingir o actual primeiro-ministro, Xanana Gusmão, Ramos Horta disse que o procurador-geral da República o informou de que os supostos culpados seriam acusados «dentro de dias».
«Não sei quais as acusações, nem se foi ou não encontrada uma razão para o crime», afirmou, quando questionado pelos jornalistas." (IOL Diário)
"O departamento de Estado norte-americano voltou a alertar os seus cidadãos para que evitem deslocações não essenciais a Timor-Leste, considerando que continua a existir «o risco de mais instabilidade violenta»."
Último parágrafo:
"O documento refere que a Austrália também continua a alertar os seus cidadãos para «reconsiderarem» as visitas a Timor-Leste."
Espécie de comentário: Ai é??? Bolas! Read more...
"(...) O presidente da CE anunciou estar prevista a atribuição anual, por um período de seis anos, de 63 milhões de euros a Timor-Leste. A medida pretender auxiliar o país no processo de consolidação das suas instituições nacionais. (...)" 22-07-2008 Sic Online
"(...) A participação da Marinha Portuguesa nesta missão restringe-se no entanto apenas a Timor, tem a duração de trinta dias e deve terminar no final do corrente mês.
Nos primeiros três dias em Díli a tripulação do ‘USNS Mercy’ atendeu e prestou auxílio médico a aproximadamente 900 timorenses. (...)" (Correio da Manhã, hoje)
«Em 1945, os vencedores da Segunda Guerra Mundial concordaram em que era preciso algum tipo de organização supranacional e supragovernamental para “preservar as gerações futuras do flagelo da guerra”. Nacionalismos agressivos só tinham produzido desgraças e mais de 50 milhões de mortos em combates, bombardeios, massacres, bombas atômicas, soluções finais etc. Era preciso recuperar o internacionalismo. A criação da ONU partiu da trágica constatação de que sistemas de potências (centrais, nazistas, fascistas, democratas, comunistas etc.) foram responsáveis por duas guerras mundiais e mazelas adjacentes. De certa forma, foi a primeira ONG a ser criada com o objetivo de combater a injustiça e reduzir desigualdade econômica e social.
Na sua esteira vieram suas agências (Unicef, Unesco, OIT, OMS) sempre com o mesmo intuito de resolver de forma internacionalizada, aquilo que os governos locais não davam soluções. Crianças abandonadas, culturas relegadas ao décimo terceiro plano de prioridades, trabalho do trabalho, desastres na saúde pública.
No Brasil, as ONGs assistencialistas surgem também nessa época e, durante a ditadura militar outros movimentos cresceram muito como conseqüência do desmantelamento das instituições políticas clássicas, como os partidos, os sindicatos, os diretórios acadêmicos de estudantes, as entidades de bairro, assim como a interrupção abrupta de experiências educacionais e culturais junto às comunidades tradicionais e populares. Esses vazios acabaram ocupados, inicialmente de forma semi-clandestina por grupos de base, pouco estruturados, quase sempre de caráter político-religioso, que surgem nas periferias das cidades e no campo como canais de demandas das classes populares.
Estes grupos vão se constituir, num primeiro momento, com as reivindicações dos trabalhadores no âmbito da produção (salários, participação na produtividade, previdência social, etc.) e no âmbito do consumo de serviços coletivos (saúde, transporte, saneamento básico, educação etc.). Depois, estes focos se diversificam, passando a abranger outras dimensões da vida social. urgem, assim, as novas questões sociais, definidas a partir do gênero, do étnico, da livre opção sexual, da natureza; da ecologia e da deficiência.
Qualquer pessoa que se oponha às boas intenções dessas organizações pode parecer um ser de outro planeta. Afinal, todas elas (ou quase todas) lutam pela justiça social, pelos direitos dos cidadãos e pelo bem de todos. Acabamos criando uma dependência “química e psicológica” desse tipo de estrutura à medida que deixamos de acreditar que quem deveria promover o bem estar de todos possa fazê-lo. Pior, esse ceticismo faz com que deixemos de exigir dos nossos governantes os nossos direitos que estão assegurados em leis que não são cumpridas, e nos resignamos a apoiar, e até participar, de organizações que quebram nossos galhos no curto prazo.
O objetivo de toda ONG ao ser criada deveria ser sua auto-extinção, ou seja, à medida que alcançam suas metas de correção de rumos da sociedade deveriam fechar as suas portas. A única que eu conheço que tem essa proposta como lema é a Associação Carpe Diem que já abre sua página na Internet afirmando que “Esse site não deveria existir”.
Além disso, muitas delas, também não têm interesse nenhum que a sociedade seja justa e igualitária, porque perderiam o seu sentido e, com isso, seus dirigentes e funcionários perderiam suas sinecuras e sua visibilidade política e social. Para evitar esse desastre trabalham fortemente pela manutenção das desigualdades e da tutela que exercem sobre os seus “assistidos”.
O mundo só vai ser realmente um lugar bom de se viver quando nós não precisarmos mais de nenhuma delas. A começar pela ONU.
Governo anuncia plano para promover português no estrangeiro, 14.07.2008 - 16h10 Lusa in Público:
"(...) O plano para a promoção e divulgação da língua portuguesa vai ser também apresentado na próxima cimeira de chefes de Estado e de Governo da Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP), nos próximos dias 24 e 25, em Lisboa, considerada uma das prioridades da presidência portuguesa da organização nos próximos dois anos.(...)"
A CVA apresentou oficialmente as conclusões de quase três anos de investigação e análise dos crimes cometidos em 1999 em Timor-Leste
O documento final, de 320 páginas, atribui "responsabilidade institucional" às TNI e às forças de segurança indonésias, mas também a grupos pró-independência.
Na cerimónia de entrega do relatório da CVA, realizada hoje em Nusa-Dua, Bali, participaram o Presidente da República indonésio, Susilo Bambang Yudhoyono, e o primeiro-ministro timorense, Xanana Gusmão, além do ex-primeiro-ministro Mari Alkatiri.
"As conclusões da CVA não podem apagar o passado nem trazer de volta os mortos", declarou José Ramos-Horta, que fez o seu discurso em inglês.
O chefe de Estado timorense defendeu que "honrar os mortos é reconhecer as lições do passado" e garantir uma convivência pacífica entre os dois países.
Adenda: imagem/PrtSc que vai dar directamente ao vídeo em questão, aqui.
Ao que parece, os professores Timorenses reivindicaram e conseguiram algum resultado (poderia certamente ser melhor mas ... conseguiram). Fincaram pé e o Ministro concordou. Queixaram-se da desvantagem salarial relativamente a outros professores (e.g. portugueses) e realmente, não havia outra hipótese senão compensar uns como outros. É que para atentados, já bastam os conhecidos ... Para ser franca, dei um salto de alegria e bati palmas. Percebi que a diferença não é, para nós, (endividados do EURO) significativa mas ... em termos da dignidade da nossa profissão-professores-, Timorenses ou não, foi uma enorme lição para o mundo todo! Ainda bem que o governo da RDTL esteve à altura.
Aqui se transcreve um artigo SOL = Jornalismo Visceral?, original do blogue Ma Ke Jeto, Mosso[bluewater68], por se considerar que o texto deve ser lido e divulgado. Assim, e com a autorização devida (e que agradeço!), passo a reproduzir - sem as imagens (que podem/devem ser vistas no blogue supracitado).
«Hoje, após ter gasto 2,5€ no SOL, fiquei com a sensação de ter adquirido gato por lebre. Sobretudo porque considero que os jornais semanários costumam ser sinónimo de excelência. É esse o motivo que também me leva a adquirir o jornal Expresso. Se procurasse o sensacionalismo ou a obscenidade, teria outros títulos de jornais à disposição. Mas não é o caso. Repito, procuro jornalismo de qualidade, objectividade e isenção.
A imagem seguinte é relativa à capa da edição impressa do jornal SOL, exposta a todos os que passassem em muitos pontos de venda por esse Portugal fora.
O CORPO do major Alfredo Reinado, no local onde foi abatido pelas forças afectas ao Presidente Ramos-Horta. Esta foto faz parte de um lote de imagens que o SOL divulga hoje em primeira mão. Em próxima semana publicaremos uma extensa reportagem da nossa enviada Felícia Cabrita, que falou com o Presidente timorense quando este ainda estava hospitalizado em Darwin, e recolheu uma série de documentos que ajudam a explicar o que sucedeu em Díli.
Começo por falar desta lamentável foto do falecido major Alfredo Reinado, que foi colocada em primeira página, logo por baixo da foto do senhor Presidente da República.
Em todos os acontecimentos violentos, deverão estar associadas imagens violentas. Que ninguém tenha dúvidas a esse respeito. Quando eu oiço falar em acidentes brutais por essas estradas portuguesas, penso sempre nos bombeiros ou nos elementos do INEM, e interrogo-mo se conseguem dormir, após terem visto uma verdadeira carnificina nesse mesmo dia. O espectador que numa notícia vê as imagens de um carro completamente desfeito terá alguma dificuldade em imaginar o estado em que ficou o corpo do condutor? É preciso mostrar um corpo desfeito para que o espectador perceba o que aconteceu? Num desastre, existe sempre a preocupação de esconder a retirada dos corpos de dentro das viaturas. E mesmo que as objectivas captem algo, existe um ‘código de honra’ ou deontológico que impede a publicação de imagens de cadáveres, inteiros ou desfeitos. Nem que seja por absoluto respeito ao ser humano que acabou de falecer.
É preciso mostrar um pedaço de um braço, caído no chão de um mercado de Bagdad, para se perceber que o atentado suicida foi violento? A notícia sobre o atentado precisa de mostrar essa imagem? Dizer que 100 iraquianos morreram num ataque suicida tem menos impacto que mostrar uma imagem de um corpo cortado pela cintura? O espectador fica mais elucidado se vir essa imagem?
A 19 de Abril de 2007, houve um atentado no mercado de Sadriya, em Bagdad. Desse atentado, resultaram 140 mortos e mais de 150 feridos. Falei dele no texto “O que têm Atocha e Sadriya em comum?”. E já nessa altura, tinha mencionado que o SOL tinha sido infeliz na escolha das imagens a exibir sobre o acontecimento. Transcrevo «três fotografias que o SOL publicou na sua página web eram perfeitamente dispensáveis face à violência que apresentavam. Julgo não ser necessário mostrar corpos carbonizados ou decepados para que a notícia tenha mais impacto.»
A RTP, quando divulgou as imagens do ataque a Ramos-Horta, teve o cuidado, como é habitual, de esconder as partes que mostravam a violência do acontecimento. Vimos o corpo do major Alfredo Reinado no chão, mas não vimos o seu rosto. Tínhamos de ver para confirmar que era ele que ali estava caído? Em que termos, vem esta imagem, publicada em primeira página, contribuir para ajudar a explicar o que aconteceu em Díli ou para a objectividade da notícia? Eu preciso saber que a bala que o matou, entrou pelo olho esquerdo e não pelo direito? Faz sentido mostrar esta imagem a adultos e crianças, devido à publicação em primeira página de um semanário de referência nacional?
Pensava que a exposição do cadáver do Sadam tinha servido de aprendizagem para os media portugueses. O SOL deve ter esquecido esse triste exemplo.
O major Alfredo Reinado pode ter atentado contra a vida de Ramos-Horta, mas não merecia um destaque escabroso e pouco dignificante à sua memória por parte de um semanário onde se espera a prática de jornalismo de excelência.
E se a primeira página desta edição do SOL já era um exemplo de sensacionalismo reles ou violência gratuita, o pior ainda estava para ser mostrado na pág. 19 da mesma edição. As 3 imagens seguintes constituem o conteúdo dessa página.
OS INCIDENTES em Díli, de que resultou a morte do major rebelde Alfredo Reinado e ferimentos graves no Presidente Ramos-Horta, proporcionaram cenas de horror, das quais o SOL revela algumas fotos. Houve o cuidado de não publicar imagens – designadamente da autópsia – que poderiam ferir gravemente a sensibilidades dos leitores. A enviada do SOL, Felícia Cabrita, falou com Ramos-Horta e com testemunhas dos acontecimentos, cuja verdadeira versão é ainda desconhecida – e será objecto de extensa reportagem a publicar em próxima edição.
Desculpe? Isto parece um pesadelo e eu ainda me estou a beliscar para ter a certeza de ter lido com atenção. Mas esta edição do SOL é relativa ao dia 1 de Abril, Dia das Mentiras?
Designadamente da autópsia?
Mas alguma vez se podia equacionar a publicação de imagens de uma autópsia? Só o facto de se mencionar essa questão já é ridículo e não será certamente para ser visto com seriedade. Mas tudo é possível.
Houve o cuidado de não publicar imagens que poderiam ferir gravemente a sensibilidades dos leitores?
Perdão? Eu começo por falar da imagem publicada na primeira página. Já chegámos ao ponto em que imagens desse tipo não ferem gravemente a sensibilidade de quem as vê? É normal depararmo-nos na comunicação social com imagens de cadáveres com a cabeça desfigurada em consequência de um tiro num olho? A sensibilidade a que o SOL se refere é relativa a uma pessoa que executa autópsias diariamente?
E em relação à imagem de Leopoldino Mendonça Exposto? Eu não sei se a imagem publicada neste blogue tem a definição suficiente para se entender o que está em causa, mas garanto que na edição impressa todo o detalhe é bem evidente. Pela imagem, pode-se observar que a cabeça desse senhor ficou assente sobre a sua própria massa encefálica, ou por outras palavras, que os seus miolos se encontram esparramados pelo chão. Será lógico imaginar que alguém lhe enfiou uma arma na boca e que disparou a essa distância? É para fazer este tipo de suposições que o SOL publicou estas imagens? Esta imagem não pode ferir gravemente a sensibilidade dos leitores?
E a imagem do corpo do major Alfredo Reinado na mesa de autópsia? Contribui de alguma forma para a objectividade da notícia? Repito, é assim que se demonstra respeito por um ser humano que acabou de falecer?
São imagens de uma violência indescritível, completamente desnecessárias para a notícia em causa, e sem sombra de dúvida, ferem gravemente a sensibilidade dos leitores.
Pergunto ao Director do SOL, José António Saraiva, se é esta a linha de jornalismo que pretende seguir para um semanário ao qual se associa a qualidade, objectividade e isenção? É assim que pretende ultrapassar o Expresso nas vendas? Se é este o caminho a seguir, até pode ser que consiga aumentar as vendas, mas posso-lhe dizer que este leitor assíduo do SOL nunca mais irá desperdiçar 2,5€.
De facto a minha área não é o jornalismo. Por isso, não sei qual é o termo da gíria da comunicação social para designar este tipo de jornalismo. Na minha versão pessoal, chamo-lhe Jornalismo Visceral ou Jornalismo de Sarjeta, mas aceito outras designações.
Nesta edição ficou anunciado que a repórter Felícia Cabrita iria realizar uma extensa reportagem em Timor sobre os acontecimentos que envolveram o atentado a Ramos-Horta. Espero que seja um artigo que apresente a esperada qualidade, objectividade e isenção, ao nível do que tem sido publicado no SOL. Sobretudo, espero que o SOL não volte a praticar este tipo de jornalismo. Ficaria bastante desapontado se tal acontecesse.
Este é um texto publicado por um leitor que confessa ter visto imagens que feriram gravemente a sua sensibilidade. Só gostaria de saber qual é a expectativa que o Directo do SOL tem a respeito da sensibilidade dos leitores deste semanário.
Uma nota final para falar de um exemplo, entre muitos outros, que se poderiam enquadrar em Jornalismo Visceral. Se o SOL já existisse em 1997, enviaria um repórter a França, à procura das fotos da princesa ainda dentro do Mercedes? Não? Porquê!?
Nasceu a 17 NOV 2007, o blogue UMA LULIK (Casa Sagrada, em tétum) que pretende, maioritariamente, abordar assuntos sobre Timor-Leste. Visitas regulares são aconselhadas e contributos válidos serão bem recebidos! Escreva-nos!