Ministros da Educação de Timor e de Portugal assinam protocolos para reforço do ensino da língua portuguesa em Timor. Um dos protocolos, agora assinado, compreende novos pólos da escola portuguesa de Díli.
«A Escola Portuguesa de Díli que tem desde o Pré-escolar até ao 11º ano, terá o 12º ano no próximo ano. Estes pólos vão começar com duas turmas de pré-escolar, duas turmas de primeiro ano e outras duas turmas de segundo ano, com professores que serão recrutados e preparados aqui, inicialmente, para se adaptarem melhor a uma realidade que não conhecem com pessoas que conhecem essa realidade, inclusivamente com timorenses que poderão participar nesse trabalho de preparação dos docentes que irão para Timor. Farão um trabalho já no próximo ano lectivo com crianças que se inscrevam nessas escolas, em que as aulas serão dadas em instalações que o Governo de Timor Leste põe à disposição nestes pólos da Escola portuguesa em Baucau, Oecusse, Maliana e Same», explica Isabel Alçada, Ministra da Educação.
As escolas vão ser construídas pelo Governo de Timor, mas Portugal também vai auxiliar. «Está na mesa de discussão entre os dois Governos uma linha de crédito e dentro desta linha de crédito vamos usar uma percentagem para a construção destas quatro escolas, para além de outras construções que, eventualmente, vão ser definidas pelos dois Governos», afirma João Câncio Freitas, Ministro da Educação de Timor e adianta que, «no âmbito do Ministério da Educação a construção das infra-estruturas destas quatro escolas será da nossa responsabilidade e uma vez implementada esta linha de crédito vamos utilizá-la de imediato para a construção dessas escolas».
A elevada taxa de população jovem em Timor pode ser um factor positivo para a reintrodução da língua portuguesa. «Hoje temos já quase dez anos de reintrodução da língua portuguesa. Temos por volta de 260 mil crianças no ensino básico que estão agora a aprender e no processo de aprendizagem a língua portuguesa é efectivamente usada como língua de ensino», adianta João Câncio Freitas. O Ministro da Educação de Timor explica ainda que «desde 2000 usamos uma política em termos de fazing in (aparecer) e fazing out (desaparecer). O fazing in do português que agora já está no 11º ano e o fazing out do indonésio. Basicamente, devo dizer que em termos de percentagem – já que a nossa população é uma população jovem e a maior parte dos nossos jovens estão nas escolas – 30% a 40% da população, principalmente a população estudantil, estão agora a aprender o português no processo de aprendizagem».
Dos 12 mil professores em Timor apenas uma minoria usa a língua portuguesa. É aqui que o Ministro considera existir a maior dificuldade. «Devo dizer que 85% dos nossos professores ainda precisam de uma nova requalificação e formação mais intensa. E na questão da língua portuguesa, esses 85% ainda estão na fase inicial da aprendizagem da língua portuguesa. Portanto, o Governo em conjunto com a ‘Cooperação Portuguesa’ estamos a investir muito fortemente na formação e requalificação desses professores para que nos próximos três a cinco anos possam usar a língua portuguesa como língua de ensino».
Os protocolos com Portugal são para o Ministro timorense importantes para a formação de professores. «Para nós é um marco histórico e um marco muito importante e vai dar um passo muito qualitativo, primeiro, na formação dos nossos professores, no que concerne à cooperação que eu assinei com o Senhor Secretário de Estado da Cooperação, mas também na questão dos quatro pólos distritais da Escola Portuguesa de Díli, que dará maior visibilidade à formação dos nossos professores mas também à população estudantil, principalmente desde o jardim-de-infância até ao 12º ano, nos próximos anos».
O Governo de Timor tem já aprovada a futura Universidade Nacional, que vai também ter o apoio das instituições de ensino superior portuguesas.
«Ainda no mês de Janeiro, o Conselho de Ministros aprovou, pela primeira vez, o Estatuto da Universidade Nacional de Timor Lorosae. Hoje temos um Estatuto e o Estatuto define que a Universidade passa agora a ter sete Faculdades. Faculdades que têm maior relevância com o processo de desenvolvimento de Timor Leste e, paralelamente também, vamos ter quatro Centros de Investigação Científica – os National Research Centers – nas áreas que têm a ver com áreas de ensino nessas Faculdades», explica o Ministro timorense.
E as prioridades no ensino superior em Timor estão já definidas. «A primeira Faculdade será a Faculdade de Agricultura já que somos um país agrário. A segunda será a Faculdade de Engenharia, Ciências e Tecnologia, a terceira será a Faculdade de Medicina e Ciências da Saúde, a quarta será a Faculdade de Educação, Artes e Humanidades, a quinta será a Faculdade de Economia e Gestão, a sexta a Faculdade de Direito e, por último mas não menos importante, a Faculdade de Ciências Sociais. Para além destas sete faculdades vamos ter quatro Centros de Investigação Científica. O primeiro será na área da Agricultura e Desenvolvimento Rural, o segundo na área Petrolífera e Geologia, o terceiro na área de Saúde Pública e o quarto será na área de Biotecnologia e Ambiente», explica João Câncio Freitas.
Diversas instituições portuguesas estão envolvidas com Timor na reintrodução da Língua Portuguesa, incluindo 120 professores portugueses que leccionam em 13 distritos do território Timorense.
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