Crónicas pessoais ... 35 anos depois, Adelino Gomes
>> 20100428
Tinha 14 anos quando ouvi este senhor falar sobre a invasão de Timor-Leste e isso, jamais esquecerei. A 22 de Abril de 2010, quase 35 anos depois cruzo-me com ele na Feira dos Dias Do Desenvolvimento, em Lisboa. E não resisto. Está acompanhado por uma senhora. Digo-lhes: "gostava de vos fazer uma fotografia" e vou dizendo recuando que: "Adelino Gomes é o culpado de Timor-Leste me ter entrado por aqui adentro". Ele anui com prazer para a fotografia e abraça a senhora a seu lado dizendo: "olhe, esta senhora estava na TSF...", não o deixo acabar e retorqui: "íam a casa tomar um banho e mudar de roupa e voltavam para a TSF...". Neste momento sinto um sorriso cumplíce de ambos. Afinal algo estava certo ali, não propriamente certo em termos de cronologia dos acontecimentos, pois eu referia-me a 1999, ao Setembro Negro, ele, seguramente a antes, a uma pré-época.
Todavia, quando voltei a Coimbra, senti necessidade de comunicar com um amigo que também esteve nos meandros da TSF pois estava demasiado baralhado para conseguir decifrar melhor. Não tendo fixado o nome desta grande Senhora (já pedi desculpas), recorri aos préstimos de alguém pelo qual tenho uma valente dose de respeito sabendo que poderia ser a chave para me clarificar a memória. Xico, aliás Francisco Amaral. É ele que me clarifica com toda a certeza a minha confusão: Elisabete Caramelo mas... "fazia isso que dizes, antes...".
Seguramente como tantas outras pessoas, anónimas tanto como eu, que seguiram os acontecimentos e também seguramente não só os acontecimentos do Massacre de Sta. Cruz; da prisão de Kay Rala Xanana Gusmão e das estratégicas entrevistas que dá e que vemos; da crucial intervenção/ocupação do grupo dos 29 na Embaixada dos EUA em Jakarta em Novembro do ano 94 aquando da reunião da ASEAN, mais do que isso, antes disso, num Grupo "maldito" que inclusivé nas "guerras" académicas de épocas em que na AAC havia uns inteligentes duma Direcção-Geral que riscavam à navalhada discos do Zeca... uns parvalhões que estarão a pulular nos corredores do Poder hoje em dia... Alturas em que o Grupo Ecológico da AAC toma a postura mais acesa de se denominar G.A.M.E. - Grupo Antimilitarista e Ecológico da AAC (com tentativas goradas de interdição), havia materiais ligados a Timor Leste que ali chegavam e na medida dos possíveis, divulgados. Estávamos ainda a acabar os anos 70's. A mão "segura" de Luísa Teotónio Pereira... mais tarde as edições Funu. Tanta coisa que anonimamente nos passa perto, se entranha mas que nos permanece indelével. Como gosto. Um dia...
Adelino Gomes passa-me transversal. Mais recentemente, confesso, não gostei nada da sua postura, na diversificada adjectivação dada quando fez um alargado artigo no Público, referindo-se às declarações de Xanana Gusmão num "explosivo" texto deste de 22 de Junho de 2006! Não quer isso significar, para mim, que a "adjectivação" não seja algo que se interligue com a realidade do escrito. Todavia há uma realidade em Timor-Leste que transcende as colocações partidárias, os apoios subtis que se vêem como certezas mas que não passam de opiniões. E, as opiniões, respeitam-se.
Hoje, sinto uma paz por me ter cruzado com ele e com essa Grande Senhora e a ambos, as minhas desculpas por fazer aqui, publicamente tais referências. Sei que por Timor-Leste me desculparão, espero eu.
Em relação a essa Grande Senhora, Elisabete Caramelo, apenas poderei imaginar a força, a persistência de uma causa que foi seguramente a de muitos e muitas portugues@s, levada a bom-termo e na qual "o amor à camisola" transcendeu, sem cor política. Quase anónima, digo eu. Não falo das "camisolas brancas" de 99... essas que Rui Zink lhes dá uma definição indecisiva, não essas.
Foi um desabafo pessoal, tantas mais há indeléveis que aguardam...
E por isso digo, Adelino Gomes é o culpado no bom sentido. Aos 14 anos, numa incipiente educação, sem qualquer questão política a interferir... anos de "limbo", uma geração de "limbo"... Timor-Leste caiu-me nos braços e não sai mais daqui. A culpa não é minha, só se for da minha fraqueza. Obrigado caro senhor por essa época! Fica também aqui já o rasto à TSF, à ANOP e posteriormente à Lusa... para melhor altura.
Todavia, quando voltei a Coimbra, senti necessidade de comunicar com um amigo que também esteve nos meandros da TSF pois estava demasiado baralhado para conseguir decifrar melhor. Não tendo fixado o nome desta grande Senhora (já pedi desculpas), recorri aos préstimos de alguém pelo qual tenho uma valente dose de respeito sabendo que poderia ser a chave para me clarificar a memória. Xico, aliás Francisco Amaral. É ele que me clarifica com toda a certeza a minha confusão: Elisabete Caramelo mas... "fazia isso que dizes, antes...".
Seguramente como tantas outras pessoas, anónimas tanto como eu, que seguiram os acontecimentos e também seguramente não só os acontecimentos do Massacre de Sta. Cruz; da prisão de Kay Rala Xanana Gusmão e das estratégicas entrevistas que dá e que vemos; da crucial intervenção/ocupação do grupo dos 29 na Embaixada dos EUA em Jakarta em Novembro do ano 94 aquando da reunião da ASEAN, mais do que isso, antes disso, num Grupo "maldito" que inclusivé nas "guerras" académicas de épocas em que na AAC havia uns inteligentes duma Direcção-Geral que riscavam à navalhada discos do Zeca... uns parvalhões que estarão a pulular nos corredores do Poder hoje em dia... Alturas em que o Grupo Ecológico da AAC toma a postura mais acesa de se denominar G.A.M.E. - Grupo Antimilitarista e Ecológico da AAC (com tentativas goradas de interdição), havia materiais ligados a Timor Leste que ali chegavam e na medida dos possíveis, divulgados. Estávamos ainda a acabar os anos 70's. A mão "segura" de Luísa Teotónio Pereira... mais tarde as edições Funu. Tanta coisa que anonimamente nos passa perto, se entranha mas que nos permanece indelével. Como gosto. Um dia...
Adelino Gomes passa-me transversal. Mais recentemente, confesso, não gostei nada da sua postura, na diversificada adjectivação dada quando fez um alargado artigo no Público, referindo-se às declarações de Xanana Gusmão num "explosivo" texto deste de 22 de Junho de 2006! Não quer isso significar, para mim, que a "adjectivação" não seja algo que se interligue com a realidade do escrito. Todavia há uma realidade em Timor-Leste que transcende as colocações partidárias, os apoios subtis que se vêem como certezas mas que não passam de opiniões. E, as opiniões, respeitam-se.
Hoje, sinto uma paz por me ter cruzado com ele e com essa Grande Senhora e a ambos, as minhas desculpas por fazer aqui, publicamente tais referências. Sei que por Timor-Leste me desculparão, espero eu.
Em relação a essa Grande Senhora, Elisabete Caramelo, apenas poderei imaginar a força, a persistência de uma causa que foi seguramente a de muitos e muitas portugues@s, levada a bom-termo e na qual "o amor à camisola" transcendeu, sem cor política. Quase anónima, digo eu. Não falo das "camisolas brancas" de 99... essas que Rui Zink lhes dá uma definição indecisiva, não essas.
Foi um desabafo pessoal, tantas mais há indeléveis que aguardam...
E por isso digo, Adelino Gomes é o culpado no bom sentido. Aos 14 anos, numa incipiente educação, sem qualquer questão política a interferir... anos de "limbo", uma geração de "limbo"... Timor-Leste caiu-me nos braços e não sai mais daqui. A culpa não é minha, só se for da minha fraqueza. Obrigado caro senhor por essa época! Fica também aqui já o rasto à TSF, à ANOP e posteriormente à Lusa... para melhor altura.
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