Eles estavam em Sta Cruz aquando do massacre
>> 20091112
Estes são três dos intervenientes naquele inesquecível dia 12 de um Novembro de 1991 em Dili e que quase ía retirando a vida ao Levi. Baleado e esfaqueado é levado para a morgue inconsciente, no último grupo - disseram-lhe. Aí, os militares indonésios deitam água por cima de corpos amontoados... Levi "acorda" da inconsciência e é levado para o hospital. Talvez tenha sido essa a sua sorte e a minha sorte em o conhecer faz longos anos mas também a nossa sorte em o termos aqui. Diz-me ele que muitos dos grupos anteriores ao dele desapareceram. Hoje, pedi aos três para lhes fazer uma fotografia, fica esta aqui. Juntaram-se para comemorar um dia da memória sofrida mas também o primeiro dia da mudança em relação a todo um movimento de apoio e solidariedade que não mais parou. Não se pode, não se consegue nem deve, esquecer-se que o ser-se solidário não tem fronteiras nem limites, é sempre quanto nós quisermos. O brilho nos olhos não mente e não são precisas mais palavras.
2 comentários:
Um forte abraço para Timor-Leste!
Para o Zito Soares,
Li com muita emoção as tuas memorias da ocupação da embaixada americana através dos links que a HE gentilmente colocou no fórum. Relato simples e desprendido de uma acção de vulto, decisiva na nossa luta pela libertação de Timor.
Devo antes de mais dizer-te que não eh meu costume comentar quaisquer postings nos variadíssimos blogs que se dedicam a questões de Timor Leste. São muitos mas leio-os quase todos, muito embora o faca em diagonal, na maioria dos casos. Em consciência não poderia manter essa postura face as tuas memorias. Como disse atrás , um relato simples e desprendido de uma acção de vulto e decisiva na conturbada trajectoria da nossa luta. Coordenava eu na altura a Frente Diplomática da Resistência e bem me lembro quão difícil foi nessa altura manter viva e dar continuidade as acções despoletadas pelo massacre do 12 de Novembro. A vossa heróica acção trouxe trouxe um novo crepitar na chama da luta que ameaçava perder intensidade. Foi uma acção valorosa, direi mesmo heróica , de um punhado de jovens em terras hostis que nos permitiu demonstrar uma vez mais a tenacidade e determinação do povo timorense em conquistar a sua libertação . Uma acção de imensurável dimensão , de coragem, de determinação e destemor frente a todos os perigos, incluindo a vossa própria morte. Um punhado de jovens, sem dinheiro, sem protecção mas destemidos oferendo a vida pela libertação do seu povo. Que nobreza de espírito e que grandeza de alma. A tua escrita demonstra exactamente isso e essa eh a razao porque não poderia deixar de te oferecer esta simples homenagem, para ti e para os teus 28 colegas. Jovens que tudo deram e nada pedem em retribuição . Obrigado por relembrar esses não muito longínquos dias, mas que muitos parecem ter já esquecido. A realidade dos dias de hoje eh bem diferente desses dias em que todos, todos irmanados pelo mesmo ideal da libertação nos dávamos as mãos , sem preconceitos de qualquer espécie , sem atendermos as diferentes persuasões politicas, confissões religiosas ou estatuto social. Os timorenses, lado a lado com a solidariedade internacional, em busca do cumprimento do mais básico direito do Homem, ser livre e senhor do seu destino. Que fenómeno de solidariedade humana, sem precedentes e impar na historia do mundo. Os teus artigos transportam-me a esses tempos, para que não nos esqueçamos dos nossos heróis sem nome. Bem haja e que Deus vos abençoe. Eu jamais vos esquecerei.
Joao Viegas Carrascalao
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