"Tropas australianas deverão sair de Timor-Leste em 2012"
>> 20091128
por Agência Lusa,
Os militares australianos e neozelandeses estacionados em Timor-Leste deverão sair nos próximos três anos, disse à Lusa o embaixador da Austrália em Díli, que lamentou ainda a má utilização de "muito dinheiro" doado por Camberra devido à corrupção e inexperiência.
Em entrevista à Lusa em Sydney, Peter Heyward, considerou pouco provável a repetição do cenário de crise que Timor-Leste conheceu em 2006. "É pouco provável que o que aconteceu em 2006 se repita", disse Peter Heyward sobre a crise institucional e de segurança que levou a confrontos entre forças militares e policiais timorenses e deixou cerca de 150 mil deslocados internos.
Nesse sentido, as forças militares estrangeiras, cerca de 800 efectivos australianos e neozelandeses, devem retirar-se do país nos próximos três anos, caso a situação continue estável, embora alerte para uma decisão final dependente de negociações com o Governo timorense.
Mesmo após 2012, deverão permanecer militares australianos enquadrados em projectos de cooperação com as Falintil-Forças de Defesa de Timor-Leste, adiantou.
Para o embaixador, é fácil entender os motivos da violência que afectou o país no passado recente, enquadrada pela "luta que acompanhou a primeira declaração de independência (28 de Novembro de 1975) e a invasão indonésia (07 de Dezembro de 1975), e a resistência que se seguiu, alimentada por um período ainda maior de conflito entre comunidades timorenses anteriores e durante o período colonial".
Relativamente à utilização das verbas doada pela Austrália para cooperação com Timor, o diplomata identificou a corrupção e a falta de experiência das autoridades timorenses como razões para "gastos desnecessários" dos cerca de 100 milhões de dólares australianos (61 milhões de euros) doados anualmente para ajuda em diversos sectores.
"Devido à corrupção e inexperiência governamental, muito dinheiro (doado pela Austrália) é gasto desnecessariamente", disse, explicando que a corrupção não se aplica apenas aos fundos dos doadores, mas também ao próprio orçamento do estado.
Peter Heyward antecipa o futuro de Timor-Leste com optimismo e acredita em mudanças a breve prazo, e dá como exemplo a continuação da tendência dos últimos anos, que é o regresso de muitos timorenses, formados noutros países, para ocupar altos cargos na máquina estatal.
Mas, para Peter Heyward não é surpreendente que um país que ascendeu somente há cerca de oito anos à independência tenha tantos problemas. "Apesar do desemprego, Timor-Leste está a crescer no sector turístico e deve começar a oferecer mais empregos na área, mas nunca deverá se transformar numa Bali", comparou, considerando que, a par do turismo, uma área-chave do desenvolvimento será a agricultura.
Apesar de se preocupar com o problema da pobreza em Timor-Leste, que aumentou desde a independência, Heyward disse que "nenhum dos problemas é impossível de se resolver".
Dentro 20 anos, Timor-Leste será "um país muito diferente, com economia e moeda local, infra-estrutura muito mais desenvolvida, auto-suficiente em alimentos, com melhores programas de educação para crianças, e um mercado maior para mão-de-obra". "É um pais bonito, rico em história e cultura. Tem tudo para dar certo", concluiu.
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