Uma Lulik, numa versão de 1935/6
>> 20081214
"Ao fundo, uma casa e uma fogueira.
Chegámos, finalmente, á uma lúlic, á casa sagrada, ao pomal.
A uma lúlic é o templo dos cultos indígenas. Materialmente, é uma casa que se distingue das outras casas porque reúne dentro de si objectos sagrados, fétiches, vulgares utensílios de uso indígena que, por qualquer, motivo, passaram a sêr lúlic. Espiritualmente, porque se cerca de superstições. E estas são inúmeras. Se o tempo, no exercício da sua eterna função destructiva, não as fôsse eliminando, Timor nada mais seria do que uma massa compacta de uma lúlic!
Em quási todos os reinos, junto ás residencias dos régulos, ergue-se a uma lúlic principal. Esta distingue-se fácilmente das casas particulares. E' maior. E' feita com mais cuidado. O telhado eleva-se a uma altura desproporcionada em relação á base. E o fecho - em Timor os fechos das cubatas, feitos em madeira trabalhada, constituem as suas únicas notas artísticas - apresenta um particular esmêro de construção. Contudo, é perante o temôr que se apodera dos indígenas quando deles se aproximam que melhor podemos descobrir a existencia dos pomais, o que se nos torna compreensível quando nos lembramos de que nas uma lúlic há sempre a recordação dos mortos e, em algumas, o dominio do feiticeiro, do macái lúlic, temido por toda a gente. " (Braga, 1935?, pág. 27)
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