Corrupção é tema na campanha eleitoral para as legislativas de Timor-Leste

>> 20120621


 Apoiantes do CNRT de Xanana Gusmão / EPA

A corrupção é tema na campanha eleitoral para  as legislativas de Timor-Leste, com oposição e membros do Governo a considerarem  que é preocupante e entidades responsáveis pelo seu combate a defenderem  que não é sistemática. 


Timor-Leste realiza legislativas a 07 de julho e os futuros Governo  e parlamento não vão poder pôr de lado o tema, até porque o país foi classificado  no Índice de Perceção da Corrupção de 2011 como de elevado risco. 
Em declarações à agência Lusa, o atual ministro dos Negócios Estrangeiros  e líder do Partido Social-Democrata (PSD), Zacarias da Costa, considerou  a corrupção como endémica no país. 
O Conselho Nacional da Reconstrução de Timor-Leste (CNRT), partido do  atual primeiro-ministro Xanana Gusmão, reconheceu recentemente suspeitas  de envolvimento de membros do Governo em atos de corrupção, admitindo que  o seu partido não será visado nas urnas. 
A oposição tem chamado a atenção para o tema, acusando o atual primeiro-ministro  de nada fazer para combater e fazer punir as pessoas. 
Apesar de nos últimos meses vários membros do Governo terem sido chamados  à Comissão Anticorrupção (CAC), entidade que combate o fenómeno no país,  apenas a ministra da Justiça, Lúcia Lobato, foi condenada a cinco anos de  prisão por participação económica em negócio. 
Em declarações à agência Lusa, o comissário-geral da CAC, Adérito Soares,  insistiu que a corrupção "não é sistemática". 
"Estamos numa altura muito oportuna para apresentar novos desafios aos  futuros governo e parlamento", afirmou, defendendo a necessidade de envolver  todos os atores timorenses para criar uma cultura de rejeição. 
Para Adérito Soares, é "muito importante mudar as mentalidades das pessoas".
"Os seres humanos não são anjos e a questão é como conseguimos construir  um bom sistema que previna e minimize. Queremos um Timor-Leste democrático  com uma forte cultura de rejeição da corrupção", disse. 
Para a juíza do Supremo Tribunal de Recurso, Natércia Pereira Gusmão,  o fenómeno engloba tudo, incluindo pessoas que não percebem que estão a  cometer um ato ilícito. 
"Tem de haver prevenção, formação e informação. Caso contrário, as pessoas  não percebem o que fazem", disse, salientando que há também as regras da  moralidade, que não devem ser esquecidas. 
O presidente da Comissão "C", Economia, Finanças e Anticorrupção, Manuel  Tilman, disse que ainda há uma mentalidade e um modelo de fazer negócios  indonésios. 
 "Na mentalidade indonésia e asiática o dar uma gorjeta depois de um  bom negócio não é corrupção. O problema é que não se distingue um negócio  público", afirmou. 
Para Manuel Tilman, é a pobreza dos timorenses que leva à corrupção.
 Lusa

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