Julgamento dos atentados de 2008 à espera de mais respostas de Ramos-Horta

>> 20100216


O Tribunal que julga o processo do atentado contra o Presidente e o Primeiro-Ministro de Timor-Leste, em 2008, decidiu hoje aguardar por respostas que Ramos-Horta ainda não deu a perguntas do Ministério Público.

O colectivo presidido pelo juiz Constâncio Basmery decidiu deferir o requerimento feito pelo procurador Felismino Cardoso, no sentido de o Presidente da República (que se encontra no estrangeiro) responder a perguntas que lhe haviam sido formuladas e cujo pedido não satisfez integralmente.

Dado tratar-se da primeira figura do Estado, o Tribunal de Díli, onde corre o processo, necessita da intermediação do Supremo Tribunal de Recurso para se dirigir ao Presidente da República.

O requerimento do Ministério Público foi prontamente contestado pela defesa, nomeadamente pelo defensor público André Fernandes, que lembrou a situação de arguidos presos.

O causídico pediu ao Tribunal que indeferisse, pelas mesmas razões com que havia indeferido um outro requerimento, mas da defesa: por ser um expediente dilatório.

Felismino Cardoso não gostou e reagiu de pronto, afirmando não costumar praticar actos para provocar o atraso processual.

"Não é por requerer mais dois ou três dias que creio ser o Ministério Público responsável pela demora do processo", respondeu.

O que Felismino Cardoso não disse e, pelo menos a defesa estava interessada em saber, foi a que perguntas é que Ramos-Horta não respondeu e que para a acusação "são importantes para a descoberta da verdade".

Foi um dia dedicado a requerimentos na sala de audiências do Tribunal de Díli.

De um outro requerimento, esse indeferido, falou André Fernandes: o que apresentou para que fossem apresentados em Tribunal os objetos apreendidos, nomeadamente a arma de Alfredo Reinado.

André Fernandes, que representa no processo o tenente Salsinha (tido como um dos cabecilhas a par de Alfredo Reinado) e outros arguidos, queria se certificar de que a arma em causa não está danificada por ter sido, ela própria, atingida por algum disparo.

Inconformado com a decisão do colectivo de o "obrigar a analisar através do álbum de fotos e não diretamente os objetos, que deviam estar junto aos autos, ou, pelo menos disponíveis", André Fernandes anunciou que vai apresentar recurso dessa decisão.

O julgamento prossegue dia 18, com 28 arguidos a aguardarem o seu desfecho, no confronto de duas teses: a do Ministério Público que os acusa de envolvimento num duplo atentado planeado contra o Presidente e o Primeiro-Ministro, e a da defesa, orientada para demonstrar a sua inocência e que considera que o que houve foi uma cilada para atrair Alfredo Reinado e Leopoldino Exposto à casa de Ramos-Horta, onde foram mortos.

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