'Mulheres de Timor-Leste lutam pela igualdade'
>> 20090424
Imagem: "A woman voting in East Timor" | 300 x 200 - 9k - jpg | www.ausaid.gov.au
"Díli – Os preconceitos tradicionais timorenses, ainda muito enraizados na sociedade, continuam a impedir que as mulheres assumam um papel igual aos homens na sociedade familiar. O Timor-Leste Media Development Centre (TLMDC) insiste em mudar as mentalidades.
O TLMDC, é uma das principais organizações em Timor-Leste que, através de acções de formação, ajuda a rádio comunitária do país a preparar repórteres para cobrir os acontecimentos. O TLMDC tem um programa de rádio, um serviço online de notícias de Timor, faz monitorização dos média, e pretende criar uma televisão online.
Juntamente com a Secretaria de Estado para a Igualdade de Género, o TLMDC produziu um programa radiofónico sobre a mulher. Desde Maio de 2008, até Maio de 2009, está a ser produzido o programa «Participação no Desenvolvimento da Economia».
O objectivo do programa é explicar aos ouvintes, especialmente às mulheres, como contribuir na micro gestão financeira da família e do lar, e fazer perceber às famílias, principalmente aos homens, que não dão oportunidade às mulheres de desenvolver essa tarefa, a sua capacidade para tal.
Não só o homem deve ajudar na economia da família como também a mulher deve fazê-lo, de forma a aliviar a pressão da procura de uma forma de subsistência. O sistema patriarcal, que ainda está muito entranhado na cultura timorense, faz com muitas mulheres não tenham a iniciativa e força para progredir e contribuir para o futuro da família e da Nação. Nesta base, o TLMDC e a Secretaria de Estado para a Igualdade de Género, empenharam-se na tarefa de passar a mensagem de que é necessário haver uma alteração no sistema cultural timorense.
Através do programa de rádio, que se transformou numa rádio nacional comunitária, o TLMDC e a Secretaria de Estado para a Igualdade do Género tiveram então a ideia de criar um grupo de trabalho, nos distritos de Baucau e Covalima, para recolher as reacções dos homens e das mulheres sobre o programa. Em Baucau, as pessoas mostraram-se realmente interessadas em dar a conhecer a sua opinião e fazer as suas críticas acerca da igualdade de género no país.
Filomena da Silva, uma das participantes, é da opinião que muitas das mulheres que teriam a capacidade e o talento para dar o seu contributo na gestão familiar, muitas vezes não o fazem porque a família, ou o marido, não as apoia. Existirá um preconceito generalizado de que o trabalho doméstico seria mais importante e mais direccionado para a mulher, sendo esta postura mais comum nas áreas rurais, onde muitas famílias ainda não entenderam a questão da igualdade de género. Filomena pediu ao TLMDC que difunda a informação sobre o programa na aldeia, uma vez que esta é isolada, não tem electricidade, e consequentemente pouco acesso à informação.
Feliciano Casanova, outro participante, criticou a igualdade de género, afirmando que é difícil alterar o papel da mulher nos sistemas mais tradicionais, ou seja, em rituais ou nas cerimónias tradicionais.
Mas para Graciana Lopes já é altura de as mulheres assumirem outra postura mudando o seu papel nos sistemas tradicionais uma vez que a mulher foi sempre «escravizada» em Timor.
No distrito de Covalima o TLDMC também criou um grupo de reflexão, onde mulheres e homens apoiam a campanha para a igualdade de género. Maria Terezinha Alves diz que «o programa do TLDMC é muito bom. Os média ajudaram bastante na transmissão da informação na aldeia». Também para o coordenador do centro, Simão Caitano, «a discussão sobre a igualdade de género é muito importante. A mulher tem que participar em todos os assuntos mas a maioria ainda não arriscou assumir essa postura perante os outros porque tem receio de não ter capacidade».
O TLMDC tem financiamento do apoio ao desenvolvimento do Governo irlandês e já desenvolveu projectos sobre o papel da mulher na resistência, nos conflitos, na paz e na política. Todos apostam no sucesso do programa sobre a igualdade de género e o desejo é de contribuir na mudança das mentalidades no sentido em que a mulher deixe de ser alvo de ataques e que estes sejam uma base na reflexão sobre desigualdades de género." (Z.V. | (c) PNN Portuguese News Network | Jornal Digital)
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