XANANA GUSMÃO - "Estratégias para o Futuro"
>> 20120301
Foto: Helena Espadinha
GABINETE DO PRIMEIRO-MINISTRO
ALOCUÇÃO DE SUA EXCELÊNCIA O PRIMEIRO-MINISTRO KAY RALA XANANA GUSMÃO POR OCASIÃO DO LANÇAMENTO DO LIVRO
“ESTRATÉGIAS PARA O FUTURO”
Sydney, Austrália
20 de Fevereiro de 2012
Exma. Sra. Professora Marie Bashir, Governadora de Nova Gales do Sul Exmo. Sr. Major-General (na reforma) Michael Smith Exmo. Sr. David Longfield Excelências Senhoras e Senhores,
É uma honra para mim estar aqui hoje. Gostaria de começar por agradecer, do fundo do coração, a Sua Excelência a Professora Marie Bashir, Governadora da Nova Gales do Sul, pelo lançamento deste livro. Tive o privilégio de passar algum tempo com a Governadora e fiquei sensibilizado pela sua compaixão, pelo seu grande intelecto e pela sua visão. A Governadora é uma verdadeira amiga de Timor-Leste. Destaco também a presença do Major-General Mike Smith. Conheço o Major-General desde que esteve em Timor-Leste com a INTERFET. O Mike contribuiu muito generosamente com a introdução do livro. Gostaria de lhe agradecer pelas palavras generosas que teve sobre mim, palavras essas que não acredito merecer. O Mike Smith é um militar muito profissional e dono de um enorme coração. Tem demonstrado grande compaixão para o nosso povo desde a sua reforma. Desde que se retirou da vida militar activa, tem trabalhado para melhorar as condições de vida de famílias em Bobonaro, dando um grande exemplo prático de solidariedade. Obrigado, Mike. Gostaria também de agradecer a David Longfield pelas suas palavras gentis e por todo o seu trabalho árduo para publicar este livro.
Gostaria ainda de agradecer ao meu bom amigo e Secretário de Estado do Conselho de Ministros, Ágio Pereira, pelo seu trabalho dedicado nos bastidores. Foi o Ágio quem tornou a ideia deste livro numa realidade. É um homem de grande inteligência e um ilustre líder na nossa nação. Por fim quero agradecer a todos vós por hoje estarem aqui presentes.
Senhoras e Senhores,
Embora o meu nome surja na capa, os discursos contidos neste livro pertencem aos meus colegas ministros, aos deputados do nosso Parlamento e em última instância ao povo de Timor-Leste. Nos últimos dez anos, desde que concretizámos o nosso caro sonho de independência, temos enfrentado muitos desafios. Sonhar com a liberdade e a independência é uma coisa, mas quando o sonho se torna realidade é necessário lidar com um conjunto totalmente novo de desafios. Precisámos perceber como tornar realidade o nosso novo sonho para Timor-Leste – o sonho de uma nação forte, com uma cultura de transparência e responsabilização e com processos democráticos que assegurassem uma sociedade tolerante, humana e pacífica. Sabíamos que tínhamos a obrigação de honrar o sacrifício do povo que lutou tanto pela liberdade da nossa nação. Estas pessoas mereciam o nosso empenho para com estes ideais, para que a sua luta e o seu sacrifício não fossem em vão. Todavia em 2006 tropeçámos e caímos. Vimo-nos embrenhados num conflito interno terrível, com tumultos civis disseminados, afectando o próprio tecido da nossa jovem nação. A crise de 2006 fez-nos reflectir a todos – foi como um despertar para a realidade. Estávamos determinados a aprender com a experiência. Tínhamos de garantir que a jovem nação independente de Timor-Leste não se juntava à lista de Estados ‘falhados’ Examinámos os pontos fortes e os pontos fracos do nosso Estado e das nossas instituições com honestidade e com determinação. Tornou-se claro que não éramos frágeis por sermos pobres – éramos frágeis porque as nossas instituições eram fracas. Desse modo, precisámos começar um processo longo e difícil de construção de Estado e de construção de paz. Foi por isto que iniciámos em 2007 um processo de grandes reformas.
Este processo incluiu:
• Reforma das nossas instituições estatais para garantir responsabilização;
• Estabelecimento de instituições independentes para promover e proteger a boa governação;
• Reforma e profissionalização da nossa polícia e das nossas forças armadas;
• Condução de reformas administrativas e revisão do nosso sistema de Gestão das Finanças Públicas.
Estas reformas construíram os alicerces para o futuro do nosso Estado e da nossa nação. Percebemos igualmente que desde 2002 tínhamos dependido demasiado de planos de acção anuais e que precisávamos começar a pensar a longo prazo – sobre a nossa visão para o futuro do nosso país. Foi por isto que viajámos por todo o país, percorrendo todos os 65 sub-distritos em três meses e consultando o povo de Timor-Leste a respeito do seu futuro. O resultado disto foi o Plano Estratégico de Desenvolvimento de 2011 a 2030. O Plano estabelece a nossa visão para as próximas duas décadas, para que possamos retirar o nosso povo da pobreza. Mais importante ainda, o Plano aponta um caminho prático para concretizarmos essa visão.
Senhoras e Senhores,
Enquanto nação é também importante pensamos na nossa posição na região e no mundo. Desse modo considerámos os nossos relacionamentos com os nossos vizinhos e o nosso lugar no globo. Pensámos na forma como Timor-Leste, tendo feito a transição difícil para a independência, poderia contribuir para a paz no mundo. A nossa história foi um percurso de desafios e de luta para chegarmos à reconciliação e ao perdão. Conseguimos sair da violência e da fragilidade para chegarmos à paz e à estabilidade. Aprendemos muitas lições que queremos partilhar não só com as nações frágeis como também com aqueles locais no mundo onde a paz é tão esquiva e onde há tanta necessidade de diálogo e de tolerância. Assim, ao mesmo tempo que construímos a nossa nação estamos também a encontrar o nosso lugar na região e no mundo.
Senhoras e Senhores,
À medida que celebramos o 10.º aniversário da nossa independência podemos avançar para o futuro com confiança e esperança – e podemos fazê-lo em paz. Apelo a todos vós para continuarem connosco enquanto construímos uma nação democrática forte, caracterizada pela boa governação e pela tolerância.
Muito obrigado.
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