"Estamos cientes dos esforços necessários para construir Estado e país" -- Xanana Gusmão
>> 20110222
Nova Iorque, 22 fev (Lusa) -- O primeiro ministro timorense, Xanana Gusmão, afirmou hoje no Conselho de Segurança da ONU que o Governo vai lutar pelos "sonhos de paz e desenvolvimento" da população, e que "está ciente dos esforços necessários para construir o Estado e o país".
Na sua primeira intervenção perante o Conselho em cinco anos, Xanana Gusmão lembrou o pedido de "SOS" que as autoridades fizeram em Nova Iorque na sequência da crise interna de 2006 e elencou os esforços que o seu Governo de coligação está a fazer desde 2007, em primeiro lugar para "recuperar a paz e estabilidade".
"Mas não vim aqui hoje para fazer elogios aos progressos feitos pelo meu governo, mas para corrigir alguns relatos sobre Timor-Leste que tendem a soar mais como vereditos. Lamentamos estes relatos, mas tentamos perceber as suas razões", disse Xanana Gusmão no debate aberto sobre a missão da ONU no país (UNMIT).
"Também não vim aqui para subestimar as dificuldades e desafios que ainda estão à nossa frente. Estamos cientes de que ainda temos muitas necessidades como nação. Estamos totalmente cientes dos esforços que ainda temos de fazer para construir um Estado e um país", adiantou.
Nas Nações Unidas, o debate sobre Timor-Leste passa quase despercebido, com as atenções focadas na crise na Líbia.
A maioria das missões diplomáticas acabou por fazer-se representar a nível inferior, sendo o embaixador de Portugal, Moraes Cabral, dos poucos chefes de missão na sala do Conselho de Segurança, juntamente com a embaixadora brasileira, Maria Luiza Ribeiro Viotti, cujo país preside ao órgão das Nações Unidas.
Sobre os desafios timorenses, Xanana Gusmão salientou a necessidade de criação de emprego, a "única forma de melhorar as condições sociais e económicas do nosso povo".
"O rendimento resulta na erradicação da pobreza. Para isso, o Estado timorense terá de investir fortemente em infraestruturas base e desenvolvimento do capital humano", referiu.
Xanana Gusmão disse ainda que, tal como outros países menos desenvolvidos, Timor-Leste está preocupado com a "contínua indecisão" das grandes economias para delinear uma "nova ordem económica" internacional.
A reunião de hoje contou com a presença da representante do secretário geral em Díli, Ameerah Haq.
No seu último relatório sobre a missão da ONU em Timor-Leste (UNMIT), o secretário geral afirma que o país está a caminhar para a "paz a longo prazo, estabilidade e desenvolvimento".
Sinal deste "desejo de paz, estabilidade e unidade" é a postura adotada pelo Governo, mas também pela oposição, de diálogo e rejeição de todas as formas de violência, adianta.
Ban Ki-moon recomendou ao Conselho de Segurança a extensão até 2012 do mandato da UNMIT, que termina no final de fevereiro, em linha com as discussões em curso com as autoridades timorenses sobre a transição de responsabilidades sobre a segurança no país.
O Conselho de Segurança irá deliberar na quinta-feira sobre a extensão do mandato.
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Fonte: Sapo| Lusa/Fim
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http://noticias.sapo.ao/lusa/artigo/12188815.html
"Atraso de professores portugueses compromete consolidação da Língua Portuguesa
21 de Fevereiro de 2011, 22:46
Díli, 21 fev (Lusa) -- Mais de uma centena de professores portugueses que deviam ter ido para Timor-Leste no início de janeiro para formar os colegas timorenses em Língua Portuguesa ainda não chegaram.
A situação, segundo disse à Lusa fonte ligada ao Projeto de Consolidação da Língua Portuguesa (PCLP), deixa o ministro da Educação timorense, que se tem batido pelo ensino em Português, em posição delicada e "desacredita o Projeto", principal vertente da cooperação de Portugal com Timor-Leste.
Segundo a mesma fonte, este atraso deve-se ao facto de ainda não ter sido desbloqueada a verba pelo Ministério das Finanças de Portugal.
O projeto prevê o envio de 120 professores para Timor-Leste. Destes, 30 já deram aulas naquele país e aguardam a renovação dos contratos para poderem voltar, e outros 35 novos professores já foram recrutados, segundo a fonte.
João Câncio, o ministro da Educação que enfrentou a contestação de professores timorenses ao impor-lhes como condição para prosseguirem na carreira o aproveitamento em prova de Língua Portuguesa, vê agora dificuldades acrescidas à execução da sua política, face a este atraso da cooperação portuguesa.
Ainda recentemente, perante o Parlamento, o ministro garantia que 10.900 professores iriam ter formação em Língua Portuguesa "porque muitos não conseguem falar e escrever bem em Português e precisam de continuar a sua formação"."
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